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ECONOMIA - 07/05/2025

BC eleva Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano, no maior nível em quase 20 anos

BC eleva Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano, no maior nível em quase 20 anos

Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desacelerou o ritmo de alta de juros e elevou nesta quarta-feira (7), em decisão unânime, a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, de 14,25% a 14,75% ao ano –maior nível registrado em quase duas décadas.

No comunicado, o colegiado do BC não deu pistas sobre os próximos passos e falou em flexibilidade e cautela. "O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação", disse.

O Copom disse também que se manterá vigilante e que o objetivo de trazer a inflação à meta guiará a calibragem do ciclo de alta de juros. A magnitude total dependerá, segundo o comitê, da evolução da trajetória e das projeções de inflação, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.

O comitê avaliou que o cenário continua marcado por projeções de inflação elevadas, expectativas distantes da meta, atividade econômica resiliente e pressões no mercado de trabalho. Diante disso, sinalizou que os juros devem seguir em patamar elevado por um período prolongado, de forma a contrair a economia para assegurar a convergência da inflação à meta.

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano recuou de 5,1% para 4,8%, ainda bastante acima do teto da meta. Para 2026 –período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo– a estimativa caiu de 3,9% para 3,6%.

O Copom seguiu o plano desenhado em março, quando indicou que continuaria subindo os juros diante do panorama "adverso" para a convergência da inflação à meta e da elevada incerteza. Embora não tenha antecipado qual seria o ritmo específico, afirmou que previa um ajuste menor do que 1 ponto percentual –intensidade adotada em três reuniões seguidas, desde dezembro de 2024.

 

Ao todo, o Copom já realizou seis aumentos consecutivos da Selic no atual ciclo de alta de juros –iniciado na gestão anterior, de Roberto Campos Neto. A taxa acumula elevação de 4,25 pontos percentuais desde setembro de 2024, quando estava em 10,50% ao ano.

A Selic está agora no mesmo patamar observado entre julho e agosto de 2006. No entanto, na época, a taxa básica seguia em trajetória de queda depois de ter atingido o pico de 19,75% ao ano, em meio ao escândalo do mensalão, em 2005.

A decisão desta quarta correspondeu à expectativa majoritária do mercado financeiro. Na véspera desta reunião, levantamento feito pela Bloomberg com 32 instituições mostrou que 31 esperavam alta de 0,5 ponto percentual e apenas uma projetava um aumento de 0,25 ponto.

Atual composição do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. De frente para trás, à esq., diretora Izabela Correa (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta); Gabriel Galípolo, presidente do BC; diretores Gilneu Vivan (Regulação) e Rodrigo Alves Teixeira (Administração). À dir., diretores Nilton David (Política Monetária), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais), Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e de Resolução), Ailton Aquino (Fiscalização) e Diogo Guillen (Política Econômica) - Raphael Ribeiro - 29.jan.25/Banco Central

Desde o último encontro, ganhou força a análise de que a guerra comercial aberta pelos Estados Unidos poderá ter um efeito desinflacionário para o Brasil. Isso fez as expectativas de inflação caírem para este ano e estacionarem para prazos mais longos, ainda que em um patamar distante da meta.

O alvo central perseguido pelo BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta de inflação é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) termine o próximo ano no limite superior da margem de tolerância. Para 2026, horizonte de tempo na mira do BC, a estimativa mediana do mercado é de 4,51%. Para 2027, a projeção segue estável pela 11ª semana seguida, em 4%.

Mas o cenário internacional continua incerto e ainda há dúvidas sobre o impacto das tarifas anunciadas por Donald Trump, de um possível acordo dos EUA com a China e da reação do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que nesta quarta manteve os juros inalterados no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.

A cotação do dólar usada pelo comitê em suas projeções foi de R$ 5,70, o que representa uma redução em relação a março, quando a moeda norte-americana estava em R$ 5,80.

O comitê alterou seu balanço de riscos para inflação e disse que os riscos, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual. Até então, via mais chance de o IPCA ficar acima do projetado do que abaixo, ou seja, assimétrico para cima. Agora, vê um cenário mais equilibrado.

Entre os elementos que puxariam os preços para baixo, acrescentou a chance de queda nos preços das commodities, o que traria alívio para inflação, e de desaceleração global mais forte decorrente do choque de comércio e do aumento da incerteza. Voltou também a mencionar a possibilidade de desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a prevista.

Entre os fatores que elevariam os preços, repetiu a possibilidade de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado, de haver maior resiliência na inflação de serviços e de uma conjunção de políticas econômicas externa e interna, como o câmbio mais depreciado de forma persistente.

Devido aos efeitos defasados da política monetária sobre a economia, o BC mira agora a inflação do 4º trimestre de 2026, conforme o sistema de meta contínua. O comitê é hoje composto majoritariamente por representantes indicados por Lula, com sete dos nove membros. O Copom volta a se reunir nos dias 17 e 18 de junho.

Por Folha de São Paulo

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