O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desacelerou o ritmo de alta de juros e elevou nesta quarta-feira (7), em decisão unânime, a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, de 14,25% a 14,75% ao ano –maior nível registrado em quase duas décadas.
No comunicado, o colegiado do BC não deu pistas sobre os próximos passos e falou em flexibilidade e cautela. "O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação", disse.
O Copom disse também que se manterá vigilante e que o objetivo de trazer a inflação à meta guiará a calibragem do ciclo de alta de juros. A magnitude total dependerá, segundo o comitê, da evolução da trajetória e das projeções de inflação, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.
O comitê avaliou que o cenário continua marcado por projeções de inflação elevadas, expectativas distantes da meta, atividade econômica resiliente e pressões no mercado de trabalho. Diante disso, sinalizou que os juros devem seguir em patamar elevado por um período prolongado, de forma a contrair a economia para assegurar a convergência da inflação à meta.
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano recuou de 5,1% para 4,8%, ainda bastante acima do teto da meta. Para 2026 –período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo– a estimativa caiu de 3,9% para 3,6%.
O Copom seguiu o plano desenhado em março, quando indicou que continuaria subindo os juros diante do panorama "adverso" para a convergência da inflação à meta e da elevada incerteza. Embora não tenha antecipado qual seria o ritmo específico, afirmou que previa um ajuste menor do que 1 ponto percentual –intensidade adotada em três reuniões seguidas, desde dezembro de 2024.
Ao todo, o Copom já realizou seis aumentos consecutivos da Selic no atual ciclo de alta de juros –iniciado na gestão anterior, de Roberto Campos Neto. A taxa acumula elevação de 4,25 pontos percentuais desde setembro de 2024, quando estava em 10,50% ao ano.
A Selic está agora no mesmo patamar observado entre julho e agosto de 2006. No entanto, na época, a taxa básica seguia em trajetória de queda depois de ter atingido o pico de 19,75% ao ano, em meio ao escândalo do mensalão, em 2005.
A decisão desta quarta correspondeu à expectativa majoritária do mercado financeiro. Na véspera desta reunião, levantamento feito pela Bloomberg com 32 instituições mostrou que 31 esperavam alta de 0,5 ponto percentual e apenas uma projetava um aumento de 0,25 ponto.