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VIOLÊNCIA - 13/08/2018

Famílias devastadas pelo feminicídio tentam reconstruir a vida e superar traumas

Famílias devastadas pelo feminicídio tentam reconstruir a vida e superar traumas

Ela só morreu por causa do coração bom que tinha.” O desabafo de Leonardo da Silva Bezerra, de 23 anos, morador de Salto (SP), faz referência à manhã do dia 17 de maio, quando viu a mãe se tornar mais um número na estatística do feminicídio. Ela foi morta pelas mãos do ex-companheiro, dentro de casa - o casal estava em processo de separação.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada três mulheres é ou será vítima de violência de gênero no mundo.

Desde março de 2015, a legislação brasileira prevê o crime de feminicídio para assassinatos que envolvam “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher".

Antes da lei, não havia punição específica. O crime era tratado de forma “genérica” e a pena poderia variar entre 6 e 20 anos. Atualmente, a legislação reconhece a infração por razões da condição do gênero feminino e a pena vai de 12 a 30 anos de reclusão.

Apesar da lei ser um avanço na luta contra a violência, os casos de feminicídio continuam se repetindo, com uma frequência cada vez maior. E as famílias marcadas pela tragédia precisam aprender a conviver com a saudade e com o medo de que o crime possa acontecer novamente com uma pessoa querida, apenas pelo fato dela ser uma mulher.

Para mostrar as marcas deixadas pelo feminicídio, o G1 conversou com parentes de três vítimas desse crime: o jovem Leonardo, cujo relato sobre a mãe, Ana Lúcia Silva, abre esta reportagem; a irmã de Juliana Jovino, localizada morta no Natal de 2017, em uma represa; e o irmão de Daniele Candido, espancada pelo marido e achada morta pelos irmãos embaixo do sofá.

Fotos e cicatrizes

Leonardo é filho da vítima que foi morta pelo marido em Salto (Foto: Carlos Dias/G1)Leonardo é filho da vítima que foi morta pelo marido em Salto (Foto: Carlos Dias/G1)

Leonardo é filho da vítima que foi morta pelo marido em Salto (Foto: Carlos Dias/G1)

Leonardo e a mãe dormiam na manhã do dia 17 maio quando foram pegos de surpresa pelo agressor armado com um faca. Segundo Leonardo, o ex-padrasto não aceitava o fim do relacionamento e era usuário de drogas.

Marcos Laureano esfaqueou o jovem várias vezes no pescoço. Em seguida, atacou a ex-companheira, Ana Lúcia Silva. Mesmo gravemente ferido, o rapaz conseguiu fugir para pedir socorro enquanto a mãe segurava o criminoso.

Mulher foi morta pelo marido dentro de casa em Salto; filho dela sobreviveu ao ataque

Uma câmera de segurança flagrou o momento em que ele saiu coberto de sangue na rua e vizinhos chamaram o resgate. A mulher de 49 anos não resistiu ao ataque.

“Foi tudo muito rápido. Mas eu só sobrevivi porque minha mãe o impediu de me matar. Acordei às 7h e às 7h30 já estava sendo socorrido pela ambulância.”

“Hoje carrego as cicatrizes. Se eu prendo o cabelo, elas aparecem. Tenho que aprender a lidar, porque esquecer eu não vou”, diz o jovem ao G1, revendo fotos da mãe.

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