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TRAGÉDIA - 15/03/2019

O luto de um pai é o luto do país: “Meu filho morreu como herói”

O luto de um pai é o luto do país: “Meu filho morreu como herói”

O último contato do impressor gráfico Gercialdo Melquiades de Oliveira, de 38 anos, com o filho Samuel Melquiades Silva de Oliveira, de 16 anos, foi quando o jovem deixou a casa da família, na manhã de quarta-feira (13/3), rumo a mais um dia de aula no Colégio Estadual Raul Brasil.

No intervalo entre as aulas, naquela manhã, dois ex-alunos invadiram a instituição armados com um arsenal que incluía revólver, besta e machadoe atacaram estudantes e servidores. Samuel e quatro colegas tombaram no pátio. Duas funcionárias também morreram.

Menos de 30 horas depois do massacre, Gercialdo traduziu ao Metrópoles seu pesar e perplexidade diante da tragédia sem sentido. Assim como o pai enlutado, o país tenta entender o que motivou os dois ex-alunos daquela escola, no interior paulista, a executarem com crueldade oito pessoas e, depois, cumprirem um macabro pacto de não se deixar prender. Ao ver a chegada de policiais ao colégio, o assassino de 17 anos matou o comparsa de 25 anos e depois tirou a própria vida.

Antes da chacina, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo havia registrado apenas um homicídio na pacata cidade de 285.257 habitantes (dados de 2018 da Prefeitura Municipal). Desde as primeiras horas até o anoitecer dessa quinta-feira (14), Suzano parou para velar e enterrar seis das vítimas. Uma multidão de 15 mil pessoas participou das cerimônias fúnebres. Nesta sexta (15), a mobilização continua, durante o enterro de mais dois corpos.

No primeiro dia de sepultamentos, a despedida do filho de Gercialdo foi a que mais mobilizou jovens estudantes e pessoas da comunidade. Para família e amigos, Samuca – apelido carinhoso do adolescente matriculado há apenas três meses na Raul Brasil – morreu como um herói.

Samuel foi alvejado após se atirar na frente de uma colega que estava sob a mira do revólver do assassino adolescente. Os tiros dirigidos à menina acertaram a cabeça e o peito do estudante. “O Samuel era um menino que gostava de ajudar. Muita gente pode estranhar seu ato, mas quem conviveu com ele sabe que essa seria uma atitude do meu filho”, frisa o impressor gráfico.


Ele seO relato é interrompido diversas vezes por lágrimas. Gercialdo se preocupa com a mulher, ainda mais abalada, e teme pela outra filha, de 12 anos, que estuda no Rui Brasil. Mas a família dispensou, por ora, o apoio de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais oferecidos pelos estado e município. “Estamos amparados pelos amigos e pela família. Isso está nos consolando, confortando. Talvez aceitemos, mais para frente, quando a ficha cair”, explica o pai.

As equipes estão de prontidão desde as primeiras horas após a tragédia: mais de mil estudantes e 121 funcionários circulam diariamente pelo colégio. As aulas na cidade inteira foram suspensas. Nesta sexta professores do colégio se reúnem para definir o acolhimento a ser dado aos alunos na próxima semana: na segunda (18), apenas os servidores estarão na instituição para fechar o planejamento das ações e receber, no dia seguinte, novamente os estudantes.

Segundo as autoridades locais, a chegada da polícia evitou que os criminosos matassem e ferissem mais gente (23 foram atendidos em hospitais da região). As investigações apontam que a dupla criminosa planejou o massacre durante um ano.

Imagens captadas por câmeras de segurança da rua onde fica a escola e da entrada da unidade de ensino mostram os criminosos chegando ao local e o ataque às vítimas. Após Guilherme Taucci Medeiros, de 17 anos, atirar contra alunos e funcionários, Luiz Henrique de Castro, 25, atingia com golpes de machado quem já estava no chão.

Veja imagens do massacre em Suzano: