Caso a articulação política do Palácio de Ondina convoque, já nas próximas horas, a sessão extraordinária para votar a proposta que torna obrigatória a realização automática de novas eleições para a presidência da Assembleia Legislativa (Alba), na hipótese de vacância no cargo, é sinal de que o governo Jerônimo Rodrigues (PT) entrou em acordo com o senador Ângelo Coronel (PSD). Essa é a avaliação de lideranças da base aliada e da oposição consultados pela Metropolítica. Explique-se: como o presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD), deve ser impedido pelo Supremo de exercer o terceiro mandato consecutivo, Coronel quer garantir o comando da Assembleia para um dos herdeiros, o deputado estadual Ângelo Filho (PSD). Mas para isso é preciso mudar o Regimento Interno da Casa, que é omisso sobre a necessidade de eleição suplementar quando os presidentes são impedidos de permanecer no posto por ordem judicial.
Para entender melhor
Pelas regras em vigor, na existência de vacância no comando da Alba, o primeiro vice-presidente assume o lugar sem estar formalmente obrigado a convocar nova eleição para o cargo em determinado prazo. Então, o posto de vice virou objeto de disputa entre o PSD e o PT, que reivindica a vaga para o líder do governo na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto. O problema é que grande parte da base aliada quanto a oposição não querem que o Legislativo estadual fique sob controle de um petista, já que são enormes as possibilidades de que a segunda reeleição de Adolfo Menezes seja derrubada pelo Supremo.
Cama feita
Na segunda-feira passada (20), o senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, confirmou a candidatura de Menezes para mais dois anos à frente da Casa e o apoio a Rosemberg no duelo pela primeira vice-presidência, mas exigiu a inclusão da eleição automática no Regimento Interno. A aprovação da proposta seria uma forma de compensar Ângelo Coronel pela eventual perda da vaga de senador na chapa majoritária governista, diante dos planos do PT de montar um palanque quase todo petista, com Jerônimo Rodrigues para governador e a dobradinha entre Jaques Wagner e Rui Costa para o Senado. Uma vez que Adolfo Menezes seja defenestrado pelo Supremo, a avaliação de parlamentares experientes é de que há maioria elástica para assegurar a vitória de Ângelo Filho na nova disputa pela Alba.
Peso na balança
"A convocação de sessão extraordinária seria uma demonstração clara de que o governo e Coronel se acertaram, mas mostra também disposição de Jerônimo para pacificar os demais partidos da base e evitar um racha a pouco menos de dois anos da sucessão estadual de 2026. Não se pode ir contra o desejo majoritário da Casa sem correr riscos. E a resistência a ter o PT à frente da Assembleia é maiúsculo. O Palácio de Ondina sabe disso", afirmou um dos deputados ouvidos pela coluna.
Metro 1