A diretora geral da Fundação Cultural do Estado (Funceb), Piti Canella, foi exonerada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) um dia após a demissão da historiadora Luciana Mandelli do comando do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac). Segundo apurou a Metropolítica, ambas foram defenestradas por exigência do chefe da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), Bruno Monteiro, interessado em eliminar do alto escalão da pasta potenciais ameaças à sua permanência no cargo e substitui-las por auxiliares controlados por ele. Criticado por representantes de todos os segmentos do setor e mal visto pela maioria da classe artística baiana por conta do baixo desempenho à frente da Secult, Monteiro considerava Piti e Luciana como concorrentes diretas e atribuía às duas o fogo amigo que enfrenta desde o primeiro ano de gestão.
Divórcio litigioso
Os rumores sobre a saída de Piti Canella entraram no radar da imprensa ainda na manhã de quarta-feira (17), a reboque das primeiras notícias acerca da exoneração de Luciana Mandelli do Ipac. No entanto, a confirmação só ocorreu na madrugada desta quinta (18), quando o governo liberou o acesso ao conteúdo da nova edição do Diário Oficial do Estado. Horas antes, Piti tinha sido chamada por Bruno Monteiro para uma conversa a sós. Na ocasião, o secretário sugeriu a ela que pedisse demissão da Funceb. Em troca, ofereceu a direção do Museu de Arte Moderna (MAM) e demais equipamentos do tipo administrados pela Secult. Produtora cultural com quase três décadas de atuação, Piti rejeitou a proposta e avisou a Monteiro que assumisse a responsabilidade por exonerá-la.
Reação em cadeia
A ofensiva sobre a dirigente da Funceb amplificou o mal-estar gerado pela queda da ex-chefe do Ipac. Além de vice-presidente do PT na Bahia e ligada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, a historiadora era um dos poucos quadros da Secult com avaliação positiva entre os profissionais do mercado de arte e cultura, que reclamam abertamente do desmonte das políticas públicas do setor tocadas pelo governo do estado a partir da chegada de Bruno Monteiro à secretaria. Em conversas reservadas com a coluna, técnicos da pasta afirmam que tanto Luciana Mandelli quanto Piti Canella entraram na mira de Monteiro pela recusa em atender interesses pessoais dele nos dois órgãos.
Costas quentes
Para cardeais influentes do PT, o poder de Bruno Monteiro na Secult se deve à proteção que recebe do senador Jaques Wagner e da esposa, a ex-primeira-dama Fátima Mendonça, fiadores de sua nomeação. Sem experiência anterior na área e nem conhecimento sólido sobre a dinâmica da cultura local, o jornalista gaúcho se sustenta no cargo devido à blindagem de Wagner, de quem foi assessor de imprensa no Congresso até migrar em 2022 para Salvador, onde atuou na campanha de Jerônimo ao governo do estado. Em suma, só o apoio do cacique petista explica a permanência de um secretário majoritariamente rejeitado pela classe que representa.
Por Metro 1