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POLÍCIA - 28/11/2018

Polícia investiga se fotos de crianças com microcefalia e nomes de ONGs foram usados para aplicar golpe

Polícia investiga se fotos de crianças com microcefalia e nomes de ONGs foram usados para aplicar golpe

Moradora de Recife, a empresária Carolina Calábria Baptista descobriu que fotos de sua filha, a pequena Lis, de quase dois anos de idade, podem ter sido usadas para aplicar um golpe a 180 km da capital pernambucana, na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Lis nasceu em 2016, enquanto o país vivia uma epidemia de vírus zika considerada explosiva pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e registrava um número crescente de casos de crianças nascidas com microcefalia. A Polícia Civil do estado instaurou um inquérito e investiga se os nomes de duas ONGs que atuam em Pernambuco e fotos de crianças com microcefalia foram usados para pedir doações em dinheiro a comerciantes de um polo de confecções localizado na região.

— Recebi alguns prints de conversas (com pedidos de doações). Pegaram as fotos da minha filha nas redes sociais, na conta do Instagram. Nas fotos, às vezes ela está em terapia e aparece com outras crianças. Infelizmente as ONGs perdem com isso. Até para ajudar as pessoas ficam com medo — diz Carolina Calábria, que registra no Instagram as brincadeiras da filha e a rotina de terapias, no perfil que batizou de "O mundo de Lis".

Carolina e a filha recebem o apoio da União de Mães de Anjos (UMA), uma associação que presta assistência a mais de 400 famílias de bebês com microcefalia em Pernambuco. A presidente da UMA, Germana Souza, conta que prestou queixa na Delegacia de Repressão ao Estelionato, em Recife, junto com representantes de outra instituição, a Aliança das Mães e Famílias Raras (AMAR). As ONGs afirmam que, por telefone e em mensagens no WhatsApp, doações eram pedidas por terceiros em nome das organizações a comerciantes e depois recolhidas por motoqueiros. Algumas imagens de crianças com microcefalia em atividades desenvolvidas na UMA também eram divulgadas para passar credibilidade aos possíveis doadores.

— A representante da AMAR recebeu uma ligação de uma pessoa que administra o centro de comércio para saber se era ela quem tinha mandado dois motoqueiros recolher dinheiro na cidade para ajudar crianças com microcefalia. Ligou pra mim, para saber se a gente estava recolhendo, e eu disse que não era a gente — narra Germana.

A polícia de Santa Cruz do Capibaribe informou que nesta quinta-feira ouvirá envolvidos no caso. Dois homens que recolhiam as doações na cidade já prestaram depoimento essa semana. Com eles foram apreendidos R$ 800 e alguns recibos.

Pode nos visitar, quando quiser

O EXTRA teve acesso a uma conversa por WhatApp em que é negociada uma contribuição no valor de R$ 100 para ajudar crianças com microcefalia. As fotos enviadas ao possível doador são as mesmas postadas no Instagram de Carolina Calábria e mostram Lis em atividades da terapia, junto com outros bebês.

No diálogo, o perfil diz que crianças da periferia serão ajudadas com fraldas, leite, roupas e até tratamento de fisioterapia. Ao ser questionado sobre por que a ONG não tem site ou perfil nas redes sociais, a suposta voluntária afirma que ter um site "é muito caro" e que a instituição "é muito simples". "Pode nos visitar quando quiser. Nosso trabalho não visa mídia e, sim, o bem estar dos nosso bebês", responde.

Germana Souza acredita que instituições como a AMAR são prejudicadas.

— Acaba que a sociedade não tem cuidado antes de doar. As pessoas precisam tomar cuidado, ver se essa instituição tem rede social, se tem telefone fixo, se tem participação expressiva, referência na mídia. A sociedade se sensibiliza, depois se decepciona, fica com o coração endurecido, e não ajuda outras instuições que fazem um trabalho fixo. Isso prejudica o nosso trabalho de certa forma — conclui a presidente da ONG. EXTRA ONLINE

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