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FEIRA DE SANTANA - 10/08/2023

Feira de Santana: Paciente Mercia Rossi relata grave erro médico de equipe do Hospital Emec

Feira de Santana: Paciente Mercia Rossi relata grave erro médico de equipe do Hospital Emec

Em entrevista concedida nesta terça-feira (08/10/2023) aos radialistas Valter Vieira e Lucival Lopes, ancoras programa Ronda Policial, veiculado na Rádio Subaé, a paciente Mercia Rossi, advogada, de 70 anos, revelou os graves problemas de saúde que enfrenta, a partir de erro médico ocorrido no Hospital Emec, da Rede MaterDei de Feira de Santana. O relato foi consubstanciado por Relatório Médico da Interconsulta [1], datado de 26 de abril de 2023, e assinado pela Dra. Ana Claudia Aguiar Alves de Araújo (cirurgiã geral, CRM-BA 29594), além de fotos que demonstram a gravidade das lesões corporais que sofreu com injeção indevida de substância alcoólica na artéria. Destaca-se que a médica Ana Cláudia Aguiar é autora do relatório e que o erro médico foi cometido, possivelmente, por uma médica anestesista cujo nome não foi informado ao Jornal Grande Bahia.

Mercia Rossi foi internada no Hospital Emec após sofrer micro-AVCs, com a finalidade de passar por cirurgias para desobstruir artérias carótidas. Conforme relato e documento, a primeira cirurgia foi bem-sucedida, porém, a segunda intervenção médica levou a um erro crítico. Durante o procedimento de anestesia foi introduzido acidentalmente, na artéria da paciente, clorexidina alcoólica, antisséptico tópico de característica alcoólica, em vez de soro fisiológico. Essa ação resultou em uma Síndrome Compartimental no braço esquerdo, causando riscos de amputação do membro e obrigando a suspensão imediata da cirurgia da segunda carótida.

 

Fatos constam em Relatório

— No dia 12 de abril de 2023 [Mercia Rossi] foi encaminhada a sala de hemodinâmica com a programação de implante de stent na carótida direita. No preparo da paciente, ao se instalar cateter na artéria radial para monitorização hemodinâmica, houve injeção acidental de clorexidina alcoólica na punção radial. O procedimento foi suspenso, com MSD apresentando edema e cianose de extremidades dos quirodactilos, além de lesões cutâneas estendendo-se a prega do cotovelo. Por conta de dor intensa no MSD ao superficializar sedação, foi realizado bloqueio anestésico local, encaminhada a UTI com heparina plena em bomba de infusão contínua e controle pressórico com nitroprussiato. Permaneceu em observação inicialmente na UTI, evoluindo com síndrome compartimental, necessitando de fasciotomia em 13 de abril de 2023.

Paciente relata sofrimento

Em nota encaminhada ao programa Ronda Policial, a própria Mercia Rossi apresenta o seguinte depoimento:

— Uma semana depois, ainda internada, fui para a sala de cirurgia onde ocorreu um erro médico da parte da anestesista, onde a mesma introduziu na minha artéria a substância Clorexidina Alcoólica ao invés de Soro Fisiológico, resultando em uma Síndrome Compartimental no meu braço esquerdo onde foi injetado o líquido, ocorrendo com isso a possibilidade de amputação do braço ou de parte da mão ou dedos, o que resultou na interrupção imediata da cirurgia da segunda carótida.

— Em decorrência deste erro foi necessário uma fasciotomia no membro para descomprimir, na tentativa de zerar qualquer risco de perda do membro. A hospitalização durou dois meses, recebi alta do Hospital apenas com o tratamento da ferida da fasciotomia no braço, sem fazer a cirurgia da segunda carótida, correndo risco de novos AVCs. Por conta disso, meu filho me levou ao Hospital Aliança em Salvador, onde foi realizada a cirurgia.

Além da nota, ao vivo durante, programa de rádio, a paciente narrou que:

— Quase perdi meu braço, corri risco de vida e tive a probabilidade de ter meu braço amputado, perdi a ponta do meu dedo e, ainda, movimentos, tenho dores vinte e quatro horas por dia. Eles não me deram assistência.

 

Hospital emite nota

Na quinta-feira (10/08), o Hospital Emec emitiu nota à equipe do programa Ronda Policial, que repassou para o Jornal Grande Bahia (JGB) e no qual consta a seguinte explicação:

— A referida paciente foi atendida por uma profissional médica qualificada, com título de especialista em Anestesiologia pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia. E que durante a internação a paciente foi acolhida pela direção, equipes de especialistas médicos e assistenciais do hospital, e que não faltaram recursos médicos, materiais, medicamentos e estrutura hospitalar para a sua recuperação.

— A direção do Hospital, caso seja desejo da paciente e dos seus familiares, está à disposição para prestar mais esclarecimentos aos mesmos. O EMEC possui forte tradição na cidade com programas robustos de segurança do paciente.

 

Gravidade do caso

O Hospital Emec, conhecido por ser um hospital de referência, enfrenta questionamentos sobre os protocolos de segurança, supervisão médica e procedimentos cirúrgicos. É crucial que incidentes como este sejam minuciosamente investigados para garantir que os pacientes recebam cuidados adequados e de alta qualidade.

A situação tem gerado preocupações em relação à segurança dos pacientes, qualidade dos procedimentos realizados e supervisão clínica.

O depoimento da paciente e o relatório médico ilustram as consequências graves do erro médico, bem como o impacto emocional e físico que ela teve de enfrentar.

Conceito do termo ‘interconsulta’

[1] A interconsulta consiste na presença de um profissional de saúde em uma unidade ou serviço médico geral atendendo à solicitação de um médico em relação ao atendimento de um paciente.

Por Jornal Grande Bahia

Jornalista Carlos Augusto

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