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BRASIL - 02/06/2025

CNN flagra venda de listas do INSS com dados de aposentados

CNN flagra venda de listas do INSS com dados de aposentados

Nome completo, CPF, data de nascimento, endereço completo, nome da mãe, valor da aposentadoria, telefones, emails... Por apenas R$ 150 é possível ter uma lista com 500 pessoas cadastradas no sistema do INSS com todos esses dados.

As listas são vendidas para advogados e contemplam todos os estados brasileiros. Um pacote com até 10 mil nomes sai por R$ 450; um estado completo, por R$ 600.

CNN chegou até uma das empresas que fornece esse tipo de lista. O público-alvo é formado por advogados que usam dos dados para prospectar clientes e abrir processos.

"Infelizmente, nós, advogados, somos assediados diariamente com esse tipo de lista. E não só nós. Quem quiser e pagar vai ter acesso, abrindo assim uma oportunidade imensa para os golpistas agirem”, comenta o advogado Pedro Almeida, especialista em direito previdenciário.

“Eu já atuo frente ao INSS há oito anos e posso garantir que os descontos das aposentadorias são apenas a ponta do iceberg de um INSS totalmente frágil, vulnerável e com um sistema de segurança crítico", afirma Almeida.

Com prévias das listas vendidas em mãos, a CNN entrou em contato com aposentados de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.

A reportagem constatou que a lista contém dados reais, com a confirmação das informações duas aposentadas e uma pensionista do INSS que estavam nas prévias recebidas.

As tabelas comercializadas têm, inclusive, um filtro por descontos de associação, com valores de parcelas, nome da associação e data de início do pagamento ou adesão ao sindicato.

Elas têm até 46 colunas com dados pessoais de cada um dos aposentados e pensionistas e não só os dados de descontos associativos, mas também dados restritos ao sistema do INSS e Dataprev, como data de início do benefício, margem disponível para novos empréstimos consignados e total de contratos de empréstimos ativos.

CNN confirmou que as listas circulam com pelo menos três advogados de três estados diferentes.

O uso desses compilados de dados obtidos de forma ilegal é vetado pela OAB.

O artigo 39 do Código de Ética e Disciplina diz que "a publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão".

A ação ainda fere a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impede o uso de informações pessoais sem o consentimento dos titulares dos dados.

A empresa que comercializa as listas é a "Nexus Soluções em Assessoria Jurídica", que se identifica como "assessoria especializada em gerar vendas para advogados" e diz atender "mais de 710 advogados" em todo o Brasil.

CNN simulou uma compra com o atendente da empresa e obteve prévias com os dados de pessoas que teriam tido descontos associativos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

A empresa também enviou uma prévia com dados de seis pessoas que tiveram benefícios do INSS negados no Rio de Janeiro.

Imaginando que conversava com um advogado, o atendente da empresa que vende as listas passa então a dar detalhes da transação e informações para "passarem confiança" ao possível comprador.

"A lista de descontos indevidos do INSS é muito boa, está em alta mesmo", diz ele.

A tabela de valores para este caso começa em R$ 150 com 500 nomes. A compra de dados de mil aposentados sai por R$ 250; 5 mil nomes por R$ 350; 10 mil nomes por R$ 450 e o “estado todo” sai por R$ 600.

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O vendedor afirma que a empresa trabalha com advogados fixos que compram listas semanalmente ou quinzenalmente e que atuam nesse mercado há dois anos.

Durante a conversa, o atendente da empresa recomenda a compra de um pacote de 500 nomes de pessoas com descontos indevidos, para começar a prospecção de clientes.

"Eu acho melhor adquirir o pacote menor, daí o doutor trabalha nesse pacote uma semana, daí se 'der boa', que eu tenho certeza que vai dar, o senhor retorna e daí pega mais, uma demanda maior, entendeu? Que acho que é mais fácil, daí costuma também, pega o jeito do negócio, fica bom", disse ele em mensagem de áudio.

Questionado sobre como conseguia os dados, ele respondeu: "Temos uma equipe responsável pela captação e depois apuram os dados com um pessoal dentro da previdência".

Por CNN

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