O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “inadmissível” a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e afirmou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC). Em entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta quinta-feira (10), o petista declarou que o país está disposto a aplicar as contramedidas previstas na Lei da Reciprocidade, sancionada por ele em abril, caso a taxação entre em vigor a partir de 1º de agosto.
A sobretaxa anunciada por Trump foi vinculada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o que Lula considerou inaceitável. “É um desaforo muito grande. Um ser humano e um governo não podem admitir isso”, afirmou. “Aqui tem Justiça, tem presunção de inocência, e quem cometeu erro será punido dentro da lei brasileira. Não aceitamos intromissão”.
Lula também criticou a forma como a medida foi comunicada. “O presidente Trump manda uma carta pelo site dele, dizendo que é preciso acabar com a caça às bruxas. Ele não ligou, não mandou carta oficial, publicou no site. Isso é falta de respeito, mas é o comportamento dele com todos. E eu não sou obrigado a aceitar”.
Apesar de garantir que não perderá a calma, o presidente disse que o governo reagirá com firmeza. “Vamos tentar diálogo na OMC. Se não houver solução, vamos aplicar a reciprocidade”. O Itamaraty, segundo Lula, avaliará medidas diplomáticas, como a convocação da embaixadora brasileira nos EUA para consultas em Brasília.
Lula ainda afirmou que se reunirá com empresários exportadores para discutir os impactos da medida e reforçou que o país buscará novos mercados. “Essa é a hora de mostrar que o Brasil quer ser respeitado. Não temos contencioso com ninguém, mas não aceitamos desaforo”.
Sobre a relação com Trump, Lula revelou que o parabenizou pela vitória nas eleições, mas não vê motivos para diálogo. “Ele saiu da reunião do G7 antes da chegada dos chefes de Estado convidados. Não tenho o que conversar com ele agora. Mas, se necessário, farei contato direto”.