Leticia Colin arregala os belos olhos azuis e, discreta, solta um risinho tímido diante da enxurrada de elogios a sua atuação como a Rosa de “Segundo sol”. A atriz de 28 anos — que aos 10 já dava expediente no seriado “Sandy & Junior” — diz se admirar com tamanha repercussão da personagem em suas redes sociais.
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— É uma surpresa para mim! Por mais que se tenha uma trajetória longa, não se imagina o quanto se pode render. Optei por fazer uma composição difícil, mirei num alvo que, de certa forma, me dá muito trabalho para construir. E não se tem garantias de que tudo vai dar certo. Então, é uma alegria! Estou colhendo o que plantei, porque não é fácil — afirma a atriz.
Os aplausos, entretanto, não tiram os pés da bela do chão.
— Estou trabalhando muito, comprometida, mas sei que o jogo não está ganho. E fico nervosa, na expectativa de o que vem pela frente. Porque Rosa tem uma vida bem dramática, né? Ela está sofrendo, e eu sofro junto, porque estou me dedicando aos conflitos dela. Minha vida está ótima, mas eu tenho que resolver as coisas de Rosa e fazer essa menina feliz — analisa Leticia.
E o que não faltam são problemas na vida dessa baiana. É o machismo do pai, Agenor (Roberto Bonfim), que vai escorraçá-la de casa ao saber que ela é prostituta; o amor por Ícaro (Danilo Mesquita) e Valentim (Chay Suede); e a descoberta de que o atual namorado foi sequestrado da mãe por Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves).
— Rosa ama os dois, e, na internet, a torcida está bem dividida. Ainda bem que eu, Leticia, não tenho que escolher, porque a parada vai ser dura. Assim como será para ela descobrir que Valentim foi sequestrado. Será um choque absoluto para Rosa, que vai querer contar para ele — garante a atriz.
Enquanto com Valentim o namoro é fofo, com Ícaro a relação é quentíssima. E Leticia não vê problema nas cenas tórridas com Chay:
— É uma história de amor, romance. Acho belo. Rosa me ensina a pensar na sexualidade de maneira mais saudável, menos preconceituosa e hipócrita. E é orgânico, um casal jovem que se ama, tem uma química louca... O espectador merece que a gente conte essa história de um jeito honesto e verdadeiro.
Se Leticia é só admiração pelos parceiros de cena, o da vida real não fica atrás. Namorada de Michel Melamed há dois anos, ela tem no artista um companheiro para todas as horas:
— Ele me dá muita força, estudamos o texto, me ajuda a decorar. Vemos a novela juntos e ele sempre comenta. Quando sou crítica comigo, Michel vem: “Assim foi, tenho certeza de que deu o seu melhor”. Ele me acolhe, porque a gente sempre acha que podia ter feito melhor.
Sem medo da glamorização
Graças à novela, Leticia conta que tem sido abordada por pessoas que dizem conhecer jovens como Rosa: “Elas chegam sempre contando a história em terceira pessoa. Então, não sei se são conhecidas ou se são elas mesmas, só que não querem assumir. A vida de Rosa é um tabu, apesar de ela ter uma opinião livre sobre a profissão dela. Mas a discussão está rolando, e fico feliz de as pessoas, pelo menos na internet, terem acolhido minha personagem, enxergado com respeito a opinião dela e entendido o posicionamento de querer trabalhar com isso”.
Diante isso, a atriz não teme a possibilidade de a prostituição ganhar uma certa glamorização, já que Rosa é tida como uma heroína: “Sempre é sensacional fazer personagens que inspiram coragem e liberdade. Se Rosa puder fazer isso independentemente do que escolheu para vida dela... Acho que já foi o tempo em que se batia no intérprete de um vilão com guarda-chuva porque se achava que ele era real. Rosa inspira justiça social, quer ser feliz, ganhar o dinheiro dela... E está sofrendo também, não é um mar de rosas sua vida. As pessoas têm sabedoria para ver e fazer suas próprias escolhas”.
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