Vitória Strada lembra bem de uma situação. Na primeira cena que gravou como a protagonista de “Tempo de amar”, a atriz precisou parir um bebê. Na ficção e na realidade, era a primeira vez que a gaúcha de 21 anos dava à luz: estreante na TV — logo num papel principal —, a jovem chegou a pensar, ali, que não daria conta do trabalho.
— Eu não tinha técnica! Precisei aprender a lidar com o jogo das câmeras na hora — assume ela, intérprete da mocinha Maria Vitória na trama das seis, que chega ao derradeiro capítulo nesta noite.
Andreia Horta e Jayme Matarazzo em cena de “Tempo de amar” Foto: Marilia Cabral / Rede Globo/DivulgaçãoAlgo aconteceu. Indicada ao Prêmio Extra na categoria de Revelação Feminina (vote no site: extra.globo.com/tv-e-lazer/premio-extra-tv/), a artista colhe os louros pelo bom desempenho nas telinhas. Agora, deseja apenas descanso. Nas ruas, porém, os fãs insistem em chamá-la pelo nome da personagem. Apesar de o EXTRA já ter adiantado que a heroína terminará nos braços de Vicente (Bruno Ferrari), o povo quer ouvir a revelação dos lábios da atriz.
— Acho muito bom o envolvimento do público. Tudo isso vou guardar com carinho — festeja ela.
Bruno Ferrari, que é concorrente ao Prêmio Extra como Melhor Ator, e Bruno Cabrerizo enchem a boca com o mesmo clichê. “A sensação é de dever cumprido”, avaliam os atores. Nos bastidores, as brincadeiras entre os galãs — que disputaram o amor de Maria Vitória na trama — estabeleceram uma grande amizade.
— Não rolou ciúme — entrega Bruno Cabrerizo, um estreante na TV brasileira (ele era ator em emissoras portuguesas): — Sempre houve uma leveza nos estúdios. Mas é claro que eu embarquei na trajetória de Inácio e vivi o luto amoroso dele.
Alcides Nogueira, autor da novela Tempo de Amar Foto: Ramon Vasconcelos / Rede Globo/Divulgação
Autor não dá o braço a torcer
Diante de campanha dos telespectadores pelo casal Maria Vitória e Vicente, Alcides Nogueira mantém o mistério sobre o fim. O autor ressalta que o desfecho ainda é indefinido.
— A novela é uma obra aberta e pode seguir rumos diferentes. Quem acompanha está dividido. Mesmo que houvesse uma torcida estabelecida, não escreveria o final baseado só nisso. Sigo a história que acredito ser a melhor e a mais interessante.
Tony Ramos e Regina Duarte em par romântico de “Tempo de amar” Foto: Marília Cabral / Rede Globo/Divulgação
PONTOS POSITIVOS:
- A direção de Jayme Monjardim caprichou nas sequências em locações no Rio Grande do Sul. Não faltaram belas imagens. O apuro estético fez diferença.
- O texto cumpriu a proposta de resgatar aspectos tradicionais do folhetim, com bons mocinhos e memoráveis cenas de briga.
- Bruno Ferrari roubou a cena. Não à toa, o ator arrebanhou o público em torcidas ferrenhas. “Acredito que o Vicente seja o personagem mais bonito de minha carreira”, diz ao EXTRA.
- Outro ponto para a direção: foi uma ousadia escalar nomes desconhecidos para os papéis principais. Os rostos dos novatos (e talentosos) Bruno Cabrerizo e Vitória Strada refrescaram a telinha.
- Boa sacada reunir Regina Duarte e Tony Ramos numa mesma sequência. Os dois contracenaram juntos há 28 anos, em “Rainha da sucata”.
- Nota mil para Marisa Orth e Nelson Freitas. Nomes do humor, ambos acertaram cheio em papéis dramáticos.
Marisa Orth se destacou
PONTOS NEGATIVOS:
- O casal de mocinhos formado por Maria Vitória e Inácio permaneceu mais de 100 capítulos afastado. A distância, óbvio, não gerou química entre os dois. Como torcer pela dupla?
- Por algumas semanas, a sensação era de ligar a TV e ver cenas muito parecidas. As reviravoltas na história demoraram a acontecer.
- Faltou um bom núcleo de humor para suavizar a quantidade excessiva de sofrimento em cima dos protagonistas. O tom melodramático da trama pesou para o telespectador.
- Lucinda (Andreia Horta) e Fernão (Jayme Matarazzo) foram vendidos, no início da novela, como os grandes vilões da história. Ao longo dos capítulos, no entanto, a dupla perdeu função. EXTRA ONLINE