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FEIRA DE SANTANA - 25/11/2018

Quilombolas da Lagoa Grande lembram Dia da Consciência Negra

Quilombolas da Lagoa Grande lembram Dia da Consciência Negra

Biografias de moradores da comunidade que se destacaram ao longo dos anos, apresentações de estudantes, conversas focadas na conscientização sobre o que é ser negro. Moradores da comunidade quilombola da Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria, comemoram, na sexta-feira e neste sábado, a passagem do Dia da Consciência Negra, que aconteceu no dia 20

“Construindo saberes, dizeres e fazeres”, com foco numa educação de qualidade e que não se prenda à área física das escolas, foi o tema do evento deste ano, que teve a participação ativa da comunidade. Para o presidente da Associação Comunitária de Maria Quitéria, José Carlos Santos de Almeida, o evento teve como objetivo conscientizar os moradores do quilombo.

Muitos deles foram homenageados, como Maria de Lourdes dos Santos Gomes, a Chica das Plantas, grande conhecedora das qualidades medicinais da vegetação da região, Hilário Pereira do Nascimento, cantor que em um concurso em Salvador ficou em segundo lugar – o primeiro foi Raul Seixas – lembra que não participou do programa de Chacrinha porque tremeu as pernas “e perdi a minha grande chance”.

Parteira foi uma das homenageadas

Outra biografada foi Maria Parteira, como ficou conhecida Maria Cruz dos Santos (foto), que ajudou centenas de crianças a chegar ao mundo em toda a região. “Contei até 150”. Atuou como parteira mais de 30 anos. Há alguns anos não mais faz parto, por motivos legais. “Mas sempre estou à disposição das mulheres e das criancinhas, que ajudo a cuidar, com atenção principal na cura do umbigo”.

Sempre acompanha as mulheres para o hospital. Lembra que o último parto que fez foi há três anos. “E foi numa emergência, porque quando cheguei para levar para o hospital, ela já estava parindo. Depois, levamos”. Enfatizou que foi treinada em vários hospitais para fazer os partos, procedimento que sempre fez como se fosse uma obrigação de vida.

Numa parede foram colocadas várias bonequinhas de pano preto. E uma explicação: eram as abaymes, bonequinhas que as mulheres escravas faziam com pedaços das suas roupas e davam as meninas para brincar, durante a longa e sofrida travessia do Atlântico nos porões dos navios. As mulheres não sabiam, mas os brinquedos eram símbolos de resistência.

Deficiente visual encantou com sua poesia

Deficiente visual, Camila da Cruz Ferreira (foto) declamou uma poesia onde se destacou palavras voltadas à garantias de direitos dos negros, do fortalecimento da cultura, da inclusão, processo que disse demorar muito para acontecer. “Incluir é estar pronto para entender. O preconceito não tem vez”.

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