Em depoimento à polícia, o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, atribuiu a responsabilidade sobre seus atendimentos aos espíritos que se manifestam através de seu corpo. Ele depôs no último domingo, na Delegacia Estadual de Investigações Criminais, de Goiás.
"No atendimento não é repassada receita, as orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Esclarece que apenas atende e orienta. Informa ainda que alguns frequentadores já adquirem os produtos, mesmo sem o encaminhamento do espírito, pois são frequentadores do local há muitos anos e acreditam na eficiência do produto", dizem as notas taquigráficas do depoimento, obtidas pelo jornal O Globo.
De acordo com o veículo, João de Deus se contradiz ao dizer que não entregava receitas ao fiéis que vão à Casa de Dom Inácio de Loyola, pois em julho deste ano, a reportagem esteve no hospital espiritual e recebeu um papel com a rubrica do médico. Na ocasião, voluntários explicaram que o papel deveria ser entregue na farmácia do espaço para a compra dos remédios.
Quanto ao tratamento com cirurgias incisivas, o médium justificou que "Deus que faz". Ele nega também a realização de atendimentos individuais. "São as pessoas que o procuram em busca de um atendimento individualizado, vez que são os frequentadores quem solicitam tal atendimento e não o interrogado", diz outro trecho do depoimento. Já as vítimas relatam que foram orientadas pelo médium a se encontrar a sós com ele após o atendimento geral.
OS CRIMES
João de Deus foi preso no último último domingo (16), no município de Abadiânia, em Goiás. Ele é acusado de abusos sexuais por mais de 300 mulheres que buscaram atendimento em seu centro. As denúncias vieram à tona após matéria transmitida no programa Conversa com Bial, na madrugada do dia 8 de dezembro. O médium nega as acusações. BN