25 de abril de 2024
MIN MAX
Envie fotos e vídeos
para nosso WhatsApp
75 99120-3503

Notícias

SAÚDE - 21/01/2018

Depressão sorridente: entenda a aparente alegria que oculta a tristeza

Depressão sorridente: entenda a aparente alegria que oculta a tristeza

Aos 17 anos, o peso da vida adulta caiu sobre os ombros de Giulianny Barros. Ela se tornou mãe e, por conta de uma má formação pulmonar no bebê, precisou ficar bastante tempo acompanhando a internação do filho de colo. Nesse período, o pai do recém-nascido não cooperava com os cuidados, além de trair e agredir a jovem. Giulianny assumiu todas as responsabilidades sozinha e não deixava transparecer que precisava de ajuda psicológica. Foi aí que recebeu um diagnóstico surpreendente: ela estava com depressão sorridente.

Trata-se de uma variação da depressão na qual o paciente costuma se sentir sozinho, triste, sem ânimo para realizar pequenas tarefas do dia a dia ou até socializar, mas ainda assim mantém aquele sorriso forçado de que tudo está bem.

Uma situação que não chega a ser considerada uma doença, mas sim um tipo de sofrimento psíquico, que, com tratamento certo, pode passar. O que difere esse diagnóstico dos demais é que o indivíduo tem vergonha de expor a situação até para pessoas muito próximas.

Foi o caso de Giulianny. O médico que cuidava do bebê da jovem a diagnosticou após informá-la sobre a deformidade da criança e ver a reação da mãe: ela começou a rir. Por conta de toda a situação estressante com o filho e o pai do bebê, Giulianny teve alopecia (queda dos cabelos em situação de estresse), ficando completamente careca. Mas aceitar o diagnóstico não foi fácil, pois ela não queria ser motivo de pena.

Negação
A psicóloga Lia Clerot explica que é comum alguns pacientes não receberem muito bem a condição depressiva. “A pessoa se sente fraca e insegura, mas é preciso aceitar e driblar o preconceito. Todos temos conflitos na vida, e compartilhar o sofrimento é importante”, diz.

Uma pesquisa realizada pela revista Women’s Health e a Aliança Nacional de Doenças Mentais, apontou que 89% dos 2 mil entrevistados disseram ter sofrido com os sintomas de depressão, mas os mantiveram escondidos de amigos e familiares.

As pessoas que costumam esconder essa condição geralmente passam por muita cobrança no ambiente de trabalho, na família ou são consideradas tão bem resolvidas a ponto de não ter permissão de se sentirem para baixo. Assim, ficam inseguras em expor o que vivem de verdade.

Algumas pessoas que sofrem desse distúrbio até tentam conversar com alguém sobre a situação, mas acabam sendo julgadas e cobradas por sempre apresentarem uma vida feliz. Então, o indivíduo passa a ser visto como dramático"
Lia Clerot, psicóloga

Identificando o transtorno
Se aos olhos da sociedade a pessoa for bem relacionada, considerada alguém que não pode reclamar da vida, pois sempre posta fotos sorrindo e é, em geral, alguém alegre, praticamente lhe é vedado o direito de demonstrar fraqueza. Mas cada um sabe as dificuldades que enfrenta, o vazio que sente e a insatisfação em fazer algumas atividades. Sintomas que, se recorrentes, podem indicar que o indivíduo está desenvolvendo um quadro de depressão sorridente.

Segundo especialistas, é preciso se conhecer bem e tentar identificar os sinais do transtorno o quanto antes para buscar o melhor tratamento, que pode ser acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. De acordo com especialistas consultados pelo Metrópoles, um dos primeiros indícios é a perda da vontade de sair para encontrar pessoas. O segundo consiste em, repentinamente, não ver mais graça na rotina que considerava feliz. Sintomas que costumam se manifestar em pessoas que estão em fase de grandes mudanças ou estresse.

Mulheres são maioria entre os pacientes com diagnóstico de depressão sorridente por assumirem muitas atividades ao mesmo tempo. São mães, filhas, amigas, chefes no trabalho que precisam dar conta de filhos, marido, tarefas domésticas e laborais, sem abrir mão dos cuidados pessoais. “Via de regra, as mulheres que desenvolvem o transtorno assumem o protagonismo dessas tarefas e acreditam que serão vistas como fracas, caso não deem conta de tudo”, explica a psicóloga Lia Clerot.

Uma condição bem conhecida por Giulianny Barros. Após iniciar os usos dos medicamentos e fazer terapia, a brasiliense recebeu alta em um ano. Hoje, aos 24 anos de idade, ela já não esconde mais as angústias que a cercam. Sempre procura ajuda, mas, em situações que se vê calma demais e rindo muito, questiona se a depressão sorridente voltou.

A reportagem conversou com a jovem para entender melhor como foi o processo de descoberta da depressão e o caminho da cura. Confira o relato de Giulianny:

Se você se identificou com os sintomas, procure ajuda. É necessário acompanhamento profissional e força de vontade para superar essa condição. METRÓPOLES

Mais notícias