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POLÍTICA - 18/11/2018

Diante de Bolsonaro, governadores do Nordeste atuarão em bloco

Diante de Bolsonaro, governadores do Nordeste atuarão em bloco

Para fazer frente a uma possível discriminação por parte do futuro governo federal em relação ao Nordeste, os governadores eleitos e reeleitos dos nove estados da região tomaram a decisão de atuar em bloco perante ao presidente eleito Jair Bolsonaro. Nas últimas eleições, a região se fixou como celeiro de votos do PT, especialmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os estados do Nordeste foram os únicos onde a candidatura petista derrotada de Fernando Haddad no Brasil conseguiu maior parte dos votos. Além disso, todos os chefes dos poderes executivos estaduais foram cabos eleitorais do PT no primeiro e no segundo turno. Embora a articulação em torno do Fórum de Governadores do Nordeste não seja uma novidade, o fortalecimento dessa frente ocorrerá nos próximos dias com a definição de uma pauta comum a ser apresentada a Bolsonaro.

“Vamos atuar em bloco. Estamos articulando uma reunião para que a gente possa valorar uma pauta comum de reivindicações. Há uma série de temas de caráter mais estratégicos, que são comuns a todos os estados da região”, disse a senadora Fátima Bezerra (PT), governadora eleita do Rio Grande do Norte.

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A tática tem o objetivo de demonstrar a Bolsonaro, que ele não poderá desprezar a região devido ao resultado eleitoral. “Os governadores do Nordeste estão alinhando uma tática para que a gente atue em conjunto. Primeiro vamos definir nossa pauta e depois vamos apresentar esta pauta ao presidente eleito Jair Bolsonaro”, explicou.

Agenda
A decisão de atuação em conjunto já havia sido tomada antes de terem início as articulações lideradas pelos eleitos em São Paulo, João Doria, no Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e no Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que resultou no primeiro encontro dos governadores eleitos de todos os estados do Brasil na última quarta-feira.

Neste caso, a agenda geral acabou atropelando o encontro de Bolsonaro com os nordestinos, marcado para a próxima quarta-feira (21/11), em Brasília. Ainda há dúvidas se a data se manterá.

No encontro com todos os representantes dos estados brasileiros, Bolsonaro já foi avisado da estratégia dos nordestinos pelo governador reeleito do Piaui, Wellington Dias, único a comparecer no encontro geral.

“Quando recebemos o convite, vários estavam no exterior. Então, acertamos, no âmbito do Fórum dos Governadores do Nordeste que eu compareceria para manifestar interesse em dialogar com Jair Bolsonaro”, explicou o petista, representante do Piauí. “Agora, ou depois da posse, estamos prontos para este diálogo”, disse Wellington Dias, que entregou a Bolsonaro uma carta retificando o pedido de conversa e comunicando a pauta comum.

Petrobras
Um dos principais temas da pauta dos governadores do Nordeste diz respeito à Petrobras. Os governadores querem que a empresa retome suas atividades e investimentos na região devido a grande participação das atividades no Produto Interno Bruto (PIB) dos estados, além do impacto na geração de emprego.

A petroleira mantém refinarias em Pernambuco (Abreu e Lima), Rio Grande do Norte (Potiguar Clara Camarão), Bahia (Landulpho Alves) e Ceará (Lubrificantes e Derivados do Nordeste – Lubnor), além de uma importante produção de gás e petróleo em terra, concentrada na região.

Educação
Os governadores nordestinos também devem incluir na pauta comum um pedido de compromisso do presidente eleito com um novo Fundeb, que é fundo de financiamento da educação básica, cuja vigência termina em 2020.

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“Sou relatora de uma emenda à Constituição (PEC), que propõe, não só tornar o Fundeb permanente, mas que também amplie a participação financeira da união em relação aos estados e municípios. Hoje a União participa com 10%. É preciso este novo Fundeb com um aporte maior de recursos para que os municípios, principalmente do Norte e do Nordeste possam realizar seus planos de educação”, explicou Fátima Bezerra.

Segurança
Outra pauta pactuada entre os chefes do executivo nos estados do Nordeste é a questão da segurança pública. Os estados têm sofrido com problemas em relação a facções de alcance nacional que migraram do Sudeste e comandam unidades prisionais e outros crimes nos estados que, muitas vezes, não têm um aparato policial suficiente para combatê-los.

Neste caso, os chefes dos executivos estaduais querem que o Bolsonaro não submeta a contingenciamento os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário.  “Precisamos que o governo federal chegue junto na questão da segurança pública”, disse a governadora eleita do Rio Grande do Norte.

Previdência
Os governadores nordestinos querem participar das discussões sobre a reforma da Previdência, mas não aceitam a proposta que já está no Congresso, defendida pelo governo do presidente Michel Temer. “Queremos ser ouvidos. Defendemos a regra do equilíbrio atuarial e, para isso, há a necessidade de se tratar de uma nova regra”, disse o governador Wellington Dias.

“Estamos falando de se alterar a Constituição. Então, há a necessidade de se ter um diálogo. Por exemplo, não é razoável que se tenha medidas com um impacto maior entre os mais pobres como prevê a proposta que está no Congresso. É necessário chegar naquilo que é, de verdade, privilégio”, ressaltou.

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A preocupação comum entre os nordestinos em relação à Previdência é focada em mudanças nos regimes especiais de previdência. Na carta entregue a Bolsonaro, eles deixaram clara a necessidade de se “aprimorar os mecanismos de sustentabilidade dos regimes próprios de previdência social dos estados da região”, proposta que foi defendida, durante a campanha, pelo petista Fernando Haddad.

No Nordeste, a partir do próximo ano, o PT vai governar quatro estados: Bahia, com Rui Costa; Ceará, com Camilo Santana; Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra, e Piauí, com Wellington Dias. O PSB conduzirá dois estados: Paraíba, com João Azevêdo, e Pernambuco, com Paulo Câmara. O PCdoB seguirá no governo do Maranhão, com Flávio Dino. Já o MDB, segue na condução de Alagoas, com Renan Filho. Já o estado de Sergipe será governado por Belivaldo Chagas, do PSD, partido que será da base de Bolsonaro no governo. No entanto, na campanha, Chagas deu e recebeu apoio de Haddad. METRÓPOLES

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