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MUNDO - 25/08/2018

Morre John McCain, vítima de um tumor no cérebro

Morre John McCain, vítima de um tumor no cérebro

Ocorreu neste sábado (25) o senador republicano John McCain, vítima de um tumor no cérebro.

O escritório de McCain divulgou um comunicado sobre o falecimento do político americano. Ele tinha 81 anos e estava em sua casa, no Arizona, onde faleceu às 16h28, no horário local (20h28, no horário de Brasília).

A doença foi tornada pública no ano passado, e em 24 de agosto deste ano sua família anunciou que o veterano político havia decidido não prosseguir com o tratamento.

McCain teve um papel proeminente na política americana. Concorreu à presidência em 2008, quando perdeu para Barack Obama, e vinha ultimamente sendo um crítico de Donald Trump, mesmo fazendo parte do mesmo partido.

Trajetória

John Sidney McCain III nasceu na Zona do Canal do Panamá em 29 de agosto de 1936. Filho e neto de almirantes da Marinha norte-americana, recebeu educação militar e se formou na Academia Naval dos Estados Unidos em 1958.

No primeiro semestre de 1967, foi para a Guerra do Vietnã. Estava casado com a ex-modelo da Filadélfia Carol Shepp e já era pai.

Em outubro daquele ano, aos 31 anos, McCain estava em sua 23ª missão de bombardeios quando um míssil arrancou a asa direita de sua aeronave, derrubando seu jato A-4 Skyhawk em espiral. McCain foi ejetado e desmaiou, retomando a consciência a 5 metros de profundidade em um lago em Hanói.

Estava com os braços e um joelho quebrados. Com os dentes, puxou os pinos para inflar o colete salva-vidas. Quando conseguiu chegar à margem, foi encurralado e levado para a prisão que os prisioneiros de guerra apelidaram de Hanoi Hilton. "Nenhum americano chegou a Hoa Lo em condição física pior do que a de McCain", disse John Hubbell, historiador especializado em prisioneiros de guerra no Vietnã.

Depois que os vietnamitas do norte perceberam que estavam com um filho de almirante nas mãos, enxergaram-no como uma ferramenta de propaganda que valia a pena explorar e lhe ofereceram o tratamento médico que antes haviam recusado. Mas McCain não colaborou com o plano deles.

Certa vez, quando os guardas lhe levavam a refeição, ele os recebeu com insultos. Seus gritos com xingamentos e afrontas chegaram a ser ouvidos por outros presos.

Senador John McCain deixa Senado após a votação em que proposta que derrubava o ObamaCare, a reforma de saúde de Barack Obama, foi derrubada  (Foto: Zach Gibson / Getty Images North America / AFP)Senador John McCain deixa Senado após a votação em que proposta que derrubava o ObamaCare, a reforma de saúde de Barack Obama, foi derrubada  (Foto: Zach Gibson / Getty Images North America / AFP)

Senador John McCain deixa Senado após a votação em que proposta que derrubava o ObamaCare, a reforma de saúde de Barack Obama, foi derrubada (Foto: Zach Gibson / Getty Images North America / AFP)

Solitária e espancamentos

Durante mais de cinco anos preso, sendo três deles na solitária, McCain tentou se suicidar duas vezes. Resistiu a uma série de espancamentos.

Nas celas compartilhadas, fazia encenações cômicas com os companheiros presos. Quando encarcerado sozinho, fazia com que histórias de filmes e livros passassem pela sua mente. "Casablanca" era um deles. "Tinha que me proteger com muito cuidado das minhas fantasias que se tornavam tão profundas que me levavam a um lugar permanente em minha mente do qual eu poderia nunca mais retornar", relatou ele.

Seus prontuários médicos registram que ele xingava os guardas quando eles interrompiam seus devaneios. "Ele apreciava tanto as suas fantasias", dizem os registros, "que ficava muito contrariado quando os guardas se aproximavam e o levavam de volta à realidade."

Como disse McCain, não há nada de heróico em ter o azar de ser atingido por um míssil. O que fez dele um herói aos olhos dos companheiros de prisão foi a sua recusa em aceitar a libertação antecipada enquanto os que estavam em Hoa Lo por mais tempo não fossem soltos.

O senador republicano John McCain em foto de 30 de junho de 2015 (Foto: AP Photo/Ross D. Franklin, File)O senador republicano John McCain em foto de 30 de junho de 2015 (Foto: AP Photo/Ross D. Franklin, File)

O senador republicano John McCain em foto de 30 de junho de 2015 (Foto: AP Photo/Ross D. Franklin, File)

Os responsáveis por sua prisão finalmente acabaram com a sua determinação, fazendo-o assinar uma confissão em que concordava em fazer a seguinte declaração caricata: "Sou um criminoso violento e realizei façanhas típicas de um pirata aéreo."

"Não conseguia controlar meu desespero", escreveu ele mais tarde. "Tremia, como se minha desgraça fosse uma febre. Todo meu orgulho estava perdido e eu tinha dúvidas se um dia conseguiria me defender novamente. Nada poderia me salvar."

Enfim, livre

Libertado pelos Acordos de Paz de Paris em 1973, voltou para casa de muletas, encontrando a esposa e o filho de muletas também: Carol havia sofrido um terrível acidente de carro, do qual ele só tomou conhecimento ao pisar em solo americano, e o filho havia se machucado jogando futebol.

McCain então aprendeu o funcionamento do sistema político em Washington trabalhando como contato da Marinha no Senado, na década de 70, ocupação que manteve até 1981. Seu casamento com Carol acabou como conseqüência de sua postura de mulherengo. Ele atribui a culpa ao "egoísmo e imaturidade."

John McCain, o primeiro da direita para a esquerda, junto com companheiros da Marinha dos EUA, em 1965 (Foto: National Archives/via REUTERS)John McCain, o primeiro da direita para a esquerda, junto com companheiros da Marinha dos EUA, em 1965 (Foto: National Archives/via REUTERS)

John McCain, o primeiro da direita para a esquerda, junto com companheiros da Marinha dos EUA, em 1965 (Foto: National Archives/via REUTERS)

Ela, por sua vez, disse que o marido, prestes a completar 40 anos, aparentemente queria ter 25 anos de novo.

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